Por Fernanda Oliveira Souza, formada em Educação Física pela Universidade Tiradentes e desde 2011 estuda Nutrição na Holanda.
A doença celíaca é uma patologia autoimune que ocorre em indivíduos geneticamente predispostos à intolerância ao glúten, sendo uma das enfermidades gastrointestinais mais comuns da atualidade e que tem aumentado consideravelmente nas duas últimas décadas. Pessoas afetadas por essa doença não possuem enzimas suficientes para digerir o glúten, uma proteína que se encontra naturalmente na semente de muitos cereais como o trigo, a cevada e a aveia. Por enquanto, ainda não se conhece um tratamento capaz de curar essa deficiência e a única solução é a eliminação completa do glúten da dieta.
Porém, em um estudo recente publicado no Jornal Americano de Gastroenterologia (American Journal of Gastroenterology), cientistas do Instituto Nacional Francês de Pesquisa Agrícola (French National Institute for Agricultural Research, INRA) e do Instituto Nacional Francês de Pesquisa e Saúde (French National Institute of Health and Medical Research, INSERM) em colaboração com cientistas canadenses e suíços descobriram que uma proteína chamada Elafin pode ajudar contra a inflamação intestinal causada em pacientes celíacos. Elafin é uma proteína humana com propriedades anti-inflamatórias encontrada no tecido do trato gastrointestinal.
O estudo comparou em laboratório o tecido do intestino delgado (intestino fino) de humanos saudáveis e humanos diagnosticados com doença celíaca. Os resultados mostraram que Elafin encontra-se em menor quantidade em pacientes celíacos do que em pessoas saudáveis. Outras observações foram que Elafin é capaz de prevenir a destruição das paredes do intestino durante a inflamação causada pelo glúten e de interagir com enzimas responsáveis pela degradação anormal dessa proteína. Dessa maneira, observou-se que Elafin pode reduzir a toxicidade do glúten consideravelmente.
Nesse mesmo estudo, os cientistas propuseram uma maneira para que pacientes celíacos pudessem produzir Elafin com a ajuda de uma inofensiva bactéria chamada Lactococcus lactis. Essa bactéria é usada principalmente na produção de queijos e foi transformada de tal maneira que estimulasse no intestino a produção de Elafin. O primeiro teste usando essa técnica foi feito em ratos, também celíacos. Os resultados mostraram que a produção de Elafin através da bactéria Lactococcus lactis nos ratos diminuiu significantemente a reação inflamatória desses animais ao glúten.
Essas descobertas abrem grandes perspectivas para os pacientes celíacos, já que esse pode ser o início de novos tratamentos para a intolerância ao glúten sem a necessidade de eliminar por completo certos alimentos da dieta. Porém, por se tratar de um estudo pequeno e feito principalmente em animais, não se pode concluir que a cura foi finalmente descoberta. O que podemos concluir é que a ciência está cada dia mais perto de descobrir alternativas para que o tratamento da doença celíaca se torne mais simples e menos sacrificante.
Fonte: French National Institute for Agricultural Research (INRA), Abril 2014.
Ver Comentário
gluten é uma cola, organismo não digere, causa inflamação em todos organismos, uns mais outros mais devagar...já devia ser proibido ...mas não existe ministerio da saúde e sim da doença
veja realidade: http://vone333.no.comunidades.net