Palestras do 4º Gluten Free SP

Fiquei devendo as novidades do 4º Gluten Free que aconteceu em Sampa, né? Agora que consegui chegar e colocar tudo em dia, vamos ao que interessa. Como avalio a participação no evento? Em primeiro lugar, adorei. Foi a primeira feira que participo nesse sentido. Gostei muito (apesar da distância da viagem e do cansaço), valeu à pena. Assistimos às palestras, conhecemos várias marcas, lançamentos de produtos, fizemos alguns contatos e encontramos pessoas.

DRA. DENISE CARREIRO

A primeira palestra foi da nutricionista Denise Carreiro. Ela falou sobre “A relação entre o glúten e as doenças crônicas”. Apesar de ter termos técnicos para profissionais da área, consegui aproveitar bastante coisa. Algumas informações sobre o glúten:

  • o trigo de hoje possui muito mais glúten do que o de antigamente (cerca de 500 vezes mais)
  • entre os anos 60 e 70 houve um aprimoramento no trigo para deixá-lo mais produtivo, ou seja, com mais glúten
  • havia suposição de que essa alteração híbrida não faria mal para o ser humano, mas dessas alterações surgiram 14 novas proteínas modificadas

Ela falou também sobre as reações adversas ou tardias aos alimentos, que podem ser tóxicas ou não. É muito importante saber diferenciar uma intolerância de uma alergia (o que acontece muito com a lactose e proteína do leite) e também com o glúten, pois nem toda pessoa que tem reação ao glúten é celíaca. Algumas reações tardias ou inflamatórias tem mais haver com a quantidade que é consumida e instalada no organismo. Foi estimado que 35% da população tem alguma sensibilidade ao glúten, não necessariamente a doença celíaca. Uma das coisas que achei mais importante é que esse processo repetitivo (de ingestão do alérgeno, seja glúten, leite, etc) pode alterar inúmeras funções no organismo e causar diversas doenças (faringite, otite, laringite, todos os “ites”, enxaquecas, problemas de circulação, gordura abdominal, interferir nos hormônios, alterações neurais…). Isso me deixou pasma! Era tudo o que eu sabia, mas realmente voltei a pensar nisso. Ela contou casos de pacientes doentes que melhoraram de forma “milagrosa” com a exclusão desse componente na dieta. E o que leva alguém a desenvolver um processo alérgico? Predisposição genética, sistema imune e o meio. Sempre considerar que nosso corpo não sabe o que é “comida”, mas sabe o que é nutriente. Por isso ter a maior variedade de nutrientes que encontrarmos. Aqui entramos na área dos vícios alimentares que a dra. abordou. O problema, segundo ela, não é “também” comer glúten, ou leite, etc (para quem não tem rejeição grave), mas é comer “no lugar de” outras coisas que fazem bem. Ou seja, isso causa um desequilíbrio orgânico, inflamações e prejudicam a mucosa intestinal. É um ciclo vicioso. Algumas curiosidades:

  • somos formados por aproximadamente 100 trilhões de células,
  • diariamente 50 milhões se renovam,
  • nosso cérebro consome 30% da nossa energia adquirida,
  • o pico de desenvolvimento do cérebro é do 3º trimestre da gravidez até os 18 meses de gestação.

As faltas de defesas no nosso organismo e a deficiência nutricional são de grande influência na nossa saúde. E pra fechar com a frase chave da palestra: Evite a monotonia alimentar, fortaleça suas defesas! Um comportamento alimentar adequado promove um equilíbrio nutricional que determina a tolerância imunológica alimentar e ambiental. Veja mais fotos da palestra no nosso facebookQuem desejar conhecer mais o trabalho dela, visite o site www.denisecarreiro.com.br.

Eu e a Dra. Denise Carreiro após a palestra.

DRA. GISELA SAVIOLI

A segunda palestra foi da também nutricionista Gisela Savioli com o tema “O desafio de um cardápio sem glúten e sem leite”. Outra palestra que pude tirar praticamente tudo para o nosso dia a dia. Ela abordou bastante conteúdo estudado pelo dr. Alesio Fasano, que é uma assumidade no assunto de alimentação sem glúten e que inclusive ganhou um prêmio recentemente devido à uma descoberta.

Sobre a dieta sem glúten, não significa simplesmente tirar os alimentos como o trigo, mas também os aditivos e os alimentos processados que sofrem contaminação. A ingestão do glúten “abre uma porta” em nosso intestino, chamada permeabilidade intestinal, que favorece a entrada de todo o tipo de “tranqueiras” como toxinas, substâncias inflamatórias e etc. Para a dra. Gisela, nenhuma pessoa deveria ingerir o glúten pois há uma substância chamada gleadina que nenhum ser humano consegue quebrar/digerir. Pessoas com sensibilidade ao glúten que não tenham nenhum demonstrativo no trato gastrointestinal comprovado por exame, mas que excluem o glúten da dieta acabam melhorando todos os outros sintomas, sejam eles neurológicos, psiquiátricos, etc. E essa é uma grande dificuldade hoje, pois não há nenhum exame que detecte a sensibilidade ao glúten, apenas a doença celíaca propriamente dita.

Também foi falado sobre o leite de vaca, que além da lactose (açúcar do leite) possui a caseína (proteína do leite). Há diversos relatos de casos com ligação entre o consumo de leite de vaca e câncer de próstata, câncer de mama e outras doenças, como diabetes. E a pergunta que todos fazem: e o cálcio? Adquirir de outras fontes como vegetais escuros e alguns grãos. E por fim ela passou uma sugestão de cardápio diário (que você encontra no nosso facebook) e algumas dicas como:

  • comer corretamente todos os dias do ano e não apenas durante a semana,
  • mesmo sendo obesos as pessoas podem ser desnutridas,
  • tirando o glúten os processos inflamatórios no organismo diminuem (facilitando a perda de peso),
  • incluir bastante legumes e verduras,
  • não esquecer que um alimento “sem glúten” também possui calorias, carboidratos, gorduras, etc.

E por fim, algo que ela sempre defende: devemos comer mais comida e deixar o restante para exceções, não tornar a exceção uma rotina.

Dra. Gisela Savioli e eu, também ao final de sua palestra.

DR. GABRIEL DE CARVALHO

Essa foi uma palestra bem científica, com bastante termos técnicos. Tanto que não consegui extrair muita coisa. O assunto era “Processos de Dessensibilização”. Por fim, o que consegui tirar de bom foi que o homem nunca esteve com tanta monotonia dietética e nutricional. O que seria isso? Comer sempre as mesmas coisas, na mesma quantidade, sem variação e sem diversificar nutrientes. Para melhorar isso deveríamos aproveitar melhor os alimentos de cada estação.

Abordou muito sobre a questão dos linfócitos equilibrados e que isso pode alterar o grau de tolerância de um indivíduo a determinado alérgeno.

Dr. Gabriel de Carvalho durante sua palestra.

DR. BRUNO ZYLBERGELD

Outra palestra com bastante termos técnicos, mas que pude aproveitar um pouco mais. Com o assunto “Microbiota intestinal e seus efeitos sistêmicos”, o dr. Bruno falou bastante sobre bactérias, mucosas e o intestino.Todas as mucosas do nosso corpo são interligados.

Uma tendência nas pessoas obesas é que alguns grupos de bactérias transformam substâncias bacterianas em grupos pré-energéticos e depois se “alimentam” dessa energia. Deveríamos selecionar nossa microbiota para não termos essa tendência. Como fazer isso?

Nossa microbiota é adquirida durante o primeiro ano de vida e consolidada na fase adulta, e são as bactérias que fazem isso. Crianças que utilizaram muito antibiótico ou medicamentos como corticoides tem tendência maior de continuarem ou se tornarem obesos, pois a microbiota foi alterada. Outro motivo é o parto prematuro e os partos por cesáreas, que ao contrário do parto normal não permitem a troca de bactérias entre a mãe e o bebê durante a passagem pelo canal vaginal.

Ele também pincelou algo sobre a síndrome do intestino irritável (IBS) que seria um processo inflamatório no intestino, e que a alergia está mais ligada à reatividade, ou seja, é mais como meu organismo irá reagir a algo potencialmente alérgeno.

Dr. Bruno Zylbergeld durante sua palestra.

Após a última palestra houve ainda uma mesa redonda em que os palestrantes discutiram casos e práticas clínicas.

Resumindo, gostei bastante de ter participado. Praticamente todo o auditório era de nutricionistas, estudantes de nutrição e médicos. Só algumas pessoas que eram de outra área (como eu e o Samuel). Mas valeu muito a experiência.

Espero voltar no ano seguinte! E também espero encontrar vocês lá!
Um abração, Débora.

*Para ver todas as fotos (slides das palestras, coffee break, lançamentos) acesse o álbum no nosso facebook

Compartilhar

Ver Comentário

  • Em um dos resumos foi dito que não há exames que detectam a intolerância ao glúten. Você não conhece o Vegatest? Ele detecta, sim, entre muitas outras substâncias. Foi através dele que descobri minhas intolerâncias ao glúten e ao leite. É um teste de bioressonância, muito confiável, utilizado muito na medicina ortomolecular.

    • Oi Pat, a dra. Gisela afirmou que não há exame/teste que dê diagnóstico científico de "sensibilidade ao glúten", o que é diferente de doença celíaca ou intolerância ao glúten. Para doença celíaca (intolerância) há sim exames e testes. Realmente não saberia te informar mais do que isso, pois nunca fiz nenhum exame. Obrigada por compartilhar a informação!

Posts Recentes

Quindim

2 de novembro de 2023